segunda-feira, 11 de julho de 2016

Amigo revela prêmio de Anderson em início de carreira: lata de refrigerante

Anderson Silva e Katel Kubis MMA (Foto: Arquivo Pessoal)Anderson Silva e Katel Kubis: amizade vem de muito tempo (Foto: Arquivo Pessoal)
Anderson Silva é um dos maiores nomes da história do MMA. Famoso no mundo todo, mora em Los Angeles com a família, está garantido financeiramente e eternizou seu nome no UFC. Vinte anos atrás, no entanto, a situação era completamente diferente, quando vivia em Curitiba. Treinava na academia de Fabio Noguchi e, sem luxo algum, era mais um na multidão, em busca do sonho de se tornar profissional no meio das artes marciais. No esporte, poucas pessoas conhecem tão bem Anderson como Katel Kubis, seu amigo e parceiro de treinos desde aquela época e o responsável por fazer Spider se emocionar na coletiva de imprensa após o UFC 200.
Treinador da American Top Team, Katel mora na Flórida e mantém contato com Anderson, principalmente, por mensagem. Ele conta, porém, que, a despeito do tempo que ficam sem se falar, quando se encontram há a mesma cumplicidade e sintonia dos tempos em que a diversão era ganhar uma lata de refrigerante nas apostas que faziam na academia. 
- A gente sempre fazia desafios um para o outro: quem iria conseguir nocautear mais rápido, quem terminaria a luta mais rápido... Quem perdesse a aposta na luta pagaria um refrigerante ou um sanduíche de pão com queijo naquela época. Esse era o prêmio porque a gente mal ganhava medalha. Nossa vitória, nossa honra, era poder representar o nome do Noguchi. Nossa vida era treinar. Se eu falar, ninguém acredita, mas a gente fazia 60, 70 rounds por dia. Esse era o nosso dia a dia. A gente treinava de manhã, de tarde e, às vezes, ficávamos lá de noite. Esse era o nosso convívio. O Noguchi formou a gente dentro da luta, então a gente se divertia treinando. Essa era a nossa diversão, a nossa comunicação, tudo girava em cima da luta. Conversar sobre técnico, luta, treinamento, possibilidades de luta. É um estudo diário. A gente estava sempre conversando e aprimorando.
Katel acredita que os problemas que ele e Anderson tiveram com suas famílias os aproximou. O treinador de muay thai, que carregou Spider nos ombros depois que o peso-médio perdeu para Daniel Cormier, no UFC 200, ficou surpreso ao ver o amigo chorando na conferência de imprensa.
- É muita coisa sincera e verdadeira envolvida. Temos algo que é mais do que treinar junto. Fomos criados juntos. Ele teve o problema de família dele, eu tive o meu problema de família também, mas hoje está tudo resolvido. Então isso fez a gente crescer unido. O Noguchi foi quem formou a gente na luta, mas não só com luta, ele ajudou também a formar o caráter e o tempo que a gente conviveu junto, crescemos em uma época que a gente lutava por amor e por honra. E podermos estar juntos hoje foi muito bom. Eu fiquei emocionado. Ele falou que ficou emocionado, eu fiquei também, não esperava (risos). Ele me pegou de surpresa. É muito sentimento sincero, verdadeiro e o Anderson merece, por tudo o que ele já fez. Quem conhece a história dele sabe que não foi uma coisa simples se tornar o campeão que é hoje, que ele foi e o campeão na vida pessoal que é. A forma como ele encara a vida, topa os desafios, está sempre se superando e essa aula de arte marcial que ele deu hoje. Não foi nem uma aula dentro da luta, mas foi uma aula dentro da arte marcial, em que todo mundo duvidava dele. Isso é vencer o impossível, isso que é fazer o que ninguém acredita.
Anderson Silva (Foto: Getty Images)Anderson Silva foi carregado por Katel Kubis após a luta contra Daniel Cormier no UFC 200 
Embora Anderson tenha perdido por pontos, o saldo foi positivo, afinal, aceitou a luta a dois dias do evento e levou perigo ao campeão dos meio-pesados, que para não se complicar na trocação levava o duelo para o solo - motivo de vaias da torcida.
- Os próximos passos para o Anderson são, simplesmente voltar na segunda-feira, voltar a treinar e esperar, porque grandes oportunidades vão aparecer. Ou dentro da categoria dele ou superlutas. O importante é ele continuar fazendo o que ele gosta de fazer, como mostrou hoje. Eu falei para ele: "Anderson, fiquei muito feliz por você, por tudo o que você fez na luta". A gente é muito crítico. Ele achou que não foi bom o suficiente porque achava que poderia ter sido melhor. Ao nosso ver foi questão de tempo. Se tivesse mais 40 segundos ou um minuto ele teria vencido, não teria ido para a decisão. Fico muito feliz pela superação, como ele enfrentou e o exemplo que ele deu de arte marcial. Hoje é em dia você vê a luta muito como um negócio e isso perdeu um pouco o espírito da luta em si. Mostrou que pode ser um artista marcial, mas também um bom profissional, entretendo todo mundo, mas sem perder seus princípios e valores - concluiu Kubis.

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