quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cyborg fala sobre o seu futuro no UFC e revela "guerra" para bater 63,5 kg

Cris Cyborg (Foto: Jason Silva)Cris Cyborg vai fazer sua estreia no Ultimate neste sábado (Foto: Jason Silva)
No próximo sábado, a brasileira Cris Cyborg realiza um sonho: estrear na maior organização de MMA do mundo. O "prêmio", no entanto, veio depois de muito trabalho e muito, mas muito suor.
Campeã peso-pena do Invicta FC na categoria de 66 kg, a curitibana vai precisar bater o peso-casado de 63,5 kg para lutar contra a adversária, Leslie Smith, no UFC 198, em Curitiba.
A brasileira, que se considera uma peso-leve (70 kg), sabe o tamanho do desafio que é bater dois quilos e meio a menos do que o da categoria em que é campeã fora da organização.
- Na verdade, para cortar para 65,6 kg é muito difícil para mim. Eu já sofro. Mas em 13 meses eu fiz quatro lutas e, como estava lutando em sequência, o meu peso não aumentou muito, ficou baixo. Então, estou no previsto, porque estou muito abaixo do peso que eu iria bater nos 65,6 kg. Acredito que, para bater o peso-casado, vai ser o mesmo sofrimento que eu tenho para bater os 65,6 kg, apesar de eu estar um pouco mais leve. Mas estou bem confiante. Sei que não vai ser fácil, porque é sempre uma guerra. A minha categoria mesmo é 70,3 kg, mas não tem. Então, acho que bater 63,5 kg vai ser difícil, mas nunca é fácil. Acho que quando é fácil você tem que desconfiar, tem alguma coisa errada - declarou, em entrevista exclusiva ao Combate.com.
Cris é considerada por muitos a melhor lutadora de MMA de todos os tempos, mas escreveu seu nome na história do esporte em definitivo depois de derrotar (e de aposentar) Gina Carano, em 2009. Na época, Carano acumulava sete vitórias em sete lutas. Campeã peso-pena do Strikeforce, a americana tinha cachês que superavam US$ 100 mil e já tinha iniciado até a carreira de atriz. Cyborg precisou de 4min59seg para nocautear a adversária e conquistar o cinturão. A brasileira chegava ao ponto mais alto de sua carreira até então.
Dois anos depois, no entanto, Cris passou por um momento delicado. Pega em um exame antidoping, por uso de estanozol (um esteroide anabolizante), foi banida do esporte até 2013 e perdeu o título de campeã. Na época, a brasileira declarou que havia confiado em um companheiro de treinos, que lhe passou um suplemento que estava contaminado. A lição foi aprendida e, desde então, ela já perdeu as contas de quantos exames antidoping já realizou para provar que está limpa.
- Acho que muita pessoas têm outra visão. Muita gente vê (toda a minha trajetória) como superação, enquanto outras pessoas vão te olhar para te criticar. Eu falo que amo aqueles que me odeiam, isso te faz evoluir. Por exemplo, quando as pessoas entram no meu Instagram para falar mal de mim, eu dou um “valeu”, tento responder com algo bom e o cara até pede desculpa. Às vezes, a pessoa olha alguma coisa na internet  e não vai pelo que ela pensa…Ela vê um negócio na mídia e já vai ver o que o outro está comentando, acaba concluindo uma coisa que ele não sabe, mas eu acho que é tranquilo - disse, revelando que, antes do UFC 198 passou por cinco testes antidoping.
Cris Cyborg (Foto: Jason Silva)Cris Cyborg se mostrou empolgada em poder lutar no UFC 198 (Foto: Jason Silva)
- Você tem que estar aberto, tem que participar dos testes, até para acabar com as coisas que as pessoas ficam falando. Todo mundo erra, todo mundo já fez alguma coisa errada, caí no doping…você aprende com os erros - completa.
No bate-papo exclusivo, Cyborg fala sobre o seu futuro no Ultimate, a expectativa para o duelo contra Leslie Smith e afirma que o crescimento do MMA feminino se dará quando o UFC abrir mais categorias de pesos para as atletas.
Confira abaixo, na íntegra:
Lutar em Curitiba no UFC 198:

Eu acho que é uma bênção, um presente de Deus. Depois de tanto tempo ter a estreia no UFC, que é uma coisa que todo mundo esperava, inclusive eu, mas o fato de ser em Curitiba e no maior evento que já teve no Brasil é algo muito perfeito. Acho que foi escrito, foi muito perfeito, Deus foi muito bom para mim. Eu quero usar essa oportunidade para dar o meu máximo para mostrar para os novos fãs que não me conhecem, porque na verdade os fãs antigos sim...Eu já participei de evento grande, fiz a luta conta a Gina Carano pelo cinturão do Strikeforce, e foi uma luta histórica, então os novos fãs não sabem dessa história, eles vão saber quem é a Cris Cyborg no sábado e é uma grande oportunidade. Me sinto abençoada.
Significado da cruz que está pintada em sua unha:

Porque eu sou cristã, eu fiz mais para representar. Vai ser para a luta. É mais um agradecimento. Proteção não...a partir do momento em que você vai entrar no octógono, você tem que estar preparado. Independente de achar: “Ah, eu vou orar para ganhar a luta”. Não…você vai orar para fazer uma boa luta e a vitória é consequência. Eu acredito nisso. E não adianta você orar e não treinar. É o merecimento ali, qual que vai ser a hora de ganhar ou não, então eu acho que treinei bastante, acredito que a Leslie treinou bastante e vamos deixar na mão de Deus ali para a gente tentar fazer a melhor luta da noite. É mais agradecimento pela oportunidade de lutar no UFC em Curitiba. Eu já estou muito feliz, mas é lógico que eu quero a vitória, só que isso está nas mãos de Deus, não é uma coisa que eu posso controlar. Vou controlar para dar o meu máximo lá dentro.
Cris Cyborg (Foto: Jason Silva)Cris Cyborg mostra as unhas pintadas para a luta (Foto: Jason Silva)


Corte de peso para bater 63,5 kg:

Na verdade, para cortar para 65,6 kg é muito difícil para mim. Eu já sofro. Mas em 13 meses eu fiz quatro lutas e, como estava lutando em sequência, o meu peso não aumentou muito, ficou baixo. Então, estou no previsto, porque estou muito abaixo do peso que eu iria bater nos 65,6 kg. Acredito que, para bater o peso-casado, vai ser o mesmo sofrimento que eu tenho para bater os 65,6 kg, apesar de eu estar um pouco mais leve. Mas estou bem confiante. Sei que não vai ser fácil, porque é sempre uma guerra. A minha categoria mesmo é 70,3 kg, mas não tem. Então acho que bater 63,5 kg vai ser difícil, mas nunca é fácil. Acho que quando é fácil você tem que desconfiar, tem alguma coisa errada. Cada dia está ficando melhor, tenho um nutricionista trabalhando comigo há dois anos, e ele está me conhecendo cada vez melhor, pois quando você começa a trabalhar você não sabe. Eu, por exemplo, se me der carboidrato, meu organismo não usa como energia, eu não fico bem. Então ele me dá uma gordura boa, por exemplo abacate, porque o meu corpo absorve melhor para treinar e tal. Então, em dois anos ele foi vendo todo esse processo e acho que a gente está em um momento bom, ele está bem feliz, e eu também. Estava mais debilitada, agora estou falando ainda, estou de boa. Acho que a guerra vai começar quinta-feira, mas estou bem.
O que é mais difícil: bater o peso ou vencer a Leslie?

Acho que a primeira luta é bater o peso e depois vencer a luta. Acho que os dois são difíceis, mas é uma grande responsabilidade bater os 63,5 kg. Não só isso, também preciso fazer uma boa luta nesse peso. Todo mundo falou: “Ah, você vai continuar lutando nesse peso?”. Eu só vou saber disso depois que essa luta acabar. Acho que bater 63,5 kg vai ser um objetivo, ser a mesma Cyborg que luta no peso-pena é outro objetivo, mas estou me sentindo bem, confiante, mais rápida…Acho que muitas coisas melhoraram baixando o peso. Depois dessa luta é que terei mais respostas, se vou continuar nesse peso, se vou baixar para o peso-galo…

Antidoping

Acho que fui testada umas cinco vezes. Na verdade eles vão em casa, vão na aula de dança… Teve uma mulher que uma vez foi na aula de dança, eu a vi, dei oi e fui…Achei que era uma fã dando oi. Ela foi me seguindo e disse que era da comissão. Eu perguntei como ela sabia que eu estava lá (risos), mas eles têm toda a nossa programação. Só que nem eu sabia que eu ia dançar, eu falei que ia na aula uma semana antes, mas nem tinha certeza se eu ia mesmo. Se eu tivesse muito cansada, eu não iria, era para ser um “plus” no treino. E ela estava lá… Quando eles passavam lá para me testar, eu os via conversando que ainda iriam passar em outros lugares. Então, não sei se eles deram prioridade para alguns atletas, mas acho que você tem que estar aberto, tem que participar dos testes, até para acabar com as coisas que as pessoas ficam falando. Todo mundo erra, todo mundo já fez alguma coisa errada, caí no doping…você aprende com os erros.
Cris Cyborg x Gina Carano UFC (Foto: Esther Lin/STRIKEFORCE)Cris Cyborg e Gina Carano: duelo durou 4min59s em 2009 (Foto: Esther Lin/STRIKEFORCE)








<b>Críticas ainda por ter sido pega no antidoping</b>
Eu acho que muita pessoas têm outra visão. Muita gente vê isso como superação, enquanto outras vão te olhar para te criticar. Eu falo que amo aqueles que me odeiam, isso te faz evoluir. Por exemplo, quando as pessoas entram no meu Instagram para falar mal de mim, eu dou um “valeu”, tento responder com algo bom e o cara até pede desculpa. Às vezes, a pessoa olha alguma coisa na internet  e não vai pelo que ela pensa…Ela vê um negócio na mídia e já vai ver o que o outro está comentando, acaba concluindo uma coisa que ele não sabe, mas eu acho que é tranquilo.
Expectativa para a luta

Na verdade eu penso tirando a pressão. Acho que quando entro dentro do octógono, como faço em todas as minhas lutas, o foco é em mim e na minha adversária. Lógico que vou ter a minha torcida do meu lado, porque é no Brasil, mas sou eu e ela ali dentro. Às vezes, você nem presta atenção no que está acontecendo fora e, também, quando você treina na academia, você vai fazer o que você treina na academia dentro do octógono, então por isso que eu procuro treinar muito, porque eu acho que quando você treina muito, você foca muito e vai estar bem preparada para a luta, você tem mais segurança. Eu estou motivada, mas acho que quando for na pesagem vou olhar ali e vai cair a ficha. Eu fui na arena, estava vazia, mas eu já imaginei a galera, a luta, então acho que só na pesagem que eu vou ter essa noção de como vai ser na hora da luta. Se bem que mais ou menos, né? Na hora da luta vai ser diferente.

Se considera a melhor lutadora de todos os tempos?


Eu não posso falar que sou a melhor lutadora de todos os tempos, eu não gosto. Acho que eu dou o meu melhor no octógono e as pessoas que têm que achar isso. A partir do momento que eu digo que sou a melhor lutadora do mundo, falta humildade. Tem várias atletas, todas estão evoluindo, e eu também aprendo todos os dias. Vou para a academia todos os dias, respeito todos os meus professores faixas-pretas, estou ali para aprender. Não posso ser a melhor do mundo se ainda tenho muita coisa para aprender. É igual quando você faz faculdade, faz mestrado, e na luta é a mesma coisa, você aprende todos os dias . Quando você parar de aprender alguém vai te passar.
Quem então é a melhor lutadora de todos os tempos?
Acho que tem várias atletas boas. O MMA feminino está crescendo, acho que não tem uma atleta toda completa. Está aparecendo…a Ronda era muito boa no judô, está melhorando no MMA, a Holly Holm já é melhor em pé, acho que está evoluindo, como o MMA masculino evoluiu no começo. Eu nunca tive a oportunidade de mostrar meu chão, o meu wrestling, porque as minhas lutas acabam muito rápido, mas eu treino tudo. Quando eu vou lutar, estou preparada para lutar tudo, quando não tenho luta de MMA, estou competindo jiu-jítsu. Se eu perder no jiu-jítsu não interessa, vou aprender alguma coisa ali. Até a minha luta de muay thai, quando eu enfrentei a campeã que tinha vencido 11 vezes o mundial, eu lutei com ela, aprendi várias coisas, dá confiança, você aprende. Ela tinha muito mais experiência do que eu. Gosto de competir até luta olímpica. Acho que você aprende e tem que aprender cada dia mais.
Cris Cyborg treina com fã (Foto: Jason Silva)Cris treinou com uma fã nos treinos abertos do UFC 198 (Foto: Jason Silva)

Música de entrada no UFC 198

Tudo o que está acontecendo, de eu lutar aqui, eu não sabia que seria aqui, mas já esperava. É engraçado, mas eu jejuei para esse dia chegar. Não sei se as pessoas acreditam, mas eu sou cristã...Esse dia chegou e, quando chegasse, eu já tinha a música para esse momento. Eu já sabia que ia ser grande, mas não seria essa adversária, era uma outra. E a música que eu vou entrar mexe muito comigo e é uma música cristã, o nome é "Holly Spirit". Eu escuto mais em inglês, mas vou entrar com ela em português e acho que vou conseguir tocar o coração de muitas pessoas. Quero tocar gente que perdeu a fé, que precisa de ajuda, que tem problema…acho que ali vou poder tocar vários corações e esse é o meu objetivo, claro, além de lutar, ter compaixão, amor, tocar o próximo.

Acha que os homens têm medo de se aproximar de você?

Para acontecer uma relação você tem que conhecer a pessoa. Estou morando um tempo nos EUA e lá eles não mexem igual aqui, mas no Brasil é diferente. Mas não acho que intimido…até porque no Brasil tem muita mulher com coxa grande, musculosa, acho que a nossa cultura tem muito mais essa figura da mulher forte do que a americana. E o Ray está aqui, meu namorado, companheiro, acho que ele não se intimidou, não sei…A gente tinha uma amiga em comum, nos conhecemos na Tailândia, quando eu fiquei uns três meses lá, e desde então faz uns dois anos que a gente se conhece, de namoro faz um pouco menos de tempo, mas a gente já se conhece há dois anos.

Pretende continuar lutando no peso-pena ou vai descer para o peso-galo?

Eu não sei, o Dana tem que fazer a categoria... Se eles querem que as mulheres cresçam no MMA, eles têm que fazer mais categorias. Não adianta fazer uma ou duas. A maioria das meninas no peso-galo subiram para fazer a categoria, elas são peso-mosca. Eu acredito que, se eles quiserem que a mulherada cresça tem que abrir outras categorias. Eu não vou deixar minha categoria, sou campeã mundial, faz dez anos que luto nessa divisão. Vou continuar na minha categoria, vou fazer superlutas, mas depois dessa minha luta contra a Leslie vou ver se posso fazer mais ou não, vai depender do resultado. Tem outras atletas também...se eu largar a minha divisão e puder lutar no peso-galo, as outras meninas que são mais pesadas e lutam com 70 kg no boxe e quiserem migrar, elas vão bater 61 kg como? Não sou só eu, se eles abrirem opção vai aparecer mulher para lutar. Eu até estava pesquisando... o peso médio das mulheres é 65 kg. Então porque só faz uma categoria de 61 kg? Eu acho que vai crescer... Falando nisso, no dia 2 de julho eu vou fazer um primeiro evento nos EUA, uma competição de MMA amadora para poder abrir oportunidades para outras mulheres e vamos ter todas as categorias. Vai ser amador e é uma forma de fazer crescer o MMA feminino. Vai passar na televisão…A gente está divulgando agora e mandando as meninas se inscreverem na comissão atlética e mandarem o email para o nosso matchmaker. Aí, se aparecerem meninas de 75 kg, por exemplo, a gente vai casar a luta de acordo com as adversárias que aparecerem.
Cris Cyborg; UFC 198 (Foto: Jason Silva)Brasileira aplica cotovelada giratória durante treino aberto do UFC 198 (Foto: Jason Silva)
Por que acha que o UFC tem categorias femininas abaixo do peso médio das mulheres?
Não sei...pode ser por causa das americanas, porque elas são menores. As brasileiras não...não tem muita menina de 61 kg no Brasil.  Eu acho que foi 61 kg porque eles viram a Ronda no peso-pena e a Ronda é bonita, americana e eles pensaram em fazer o MMA feminino usando-a como modelo, porque ela seria uma heroína deles. Então, fizeram tudo o que podiam fazer com ela. Só que, na verdade, não é só fazer. Não adianta você pegar um rostinho bonito. Luta é diferente, luta é luta. Você pode até ter um rostinho bonito, mas tem que ser lutadora mesmo, tem que ser os dois.
UFC 198, neste sábado, está previsto para começar às 19h (horário de Brasília), com a primeira luta do card preliminar. O Combate.com fará a transmissão em tempo real do UFC 198 com todos os detalhes, e o Combate transmitirá todas as lutas ao vivo.
UFC 198
14 de maio de 2016, em Curitiba (PR)
CARD PRINCIPAL (a partir de 23h de Brasília):
Peso-pesado: Fabricio Werdum x Stipe Miocic
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Vitor Belfort
Peso-casado (até 63,5kg): Cris Cyborg x Leslie Smith
Peso-meio-pesado: Mauricio Shogun x Corey Anderson
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Bryan Barberena
CARD PRELIMINAR (a partir de 19h de Brasília):
Peso-meio-médio: Demian Maia x Matt Brown
Peso-médio: Thiago Marreta x Nate Marquardt
Peso-galo: John Lineker x Rob Font
Peso-meio-pesado: Rogério Minotouro x Patrick Cummins
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Yancy Medeiros
Peso-meio-médio: Serginho Moraes x Luan Chagas
Peso-pena: Renato Moicano x Zubaira Tukhugov

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu Direto Aqui !!!

Postagem em destaque

Wand empurra Sonnen e precisa ser contido em encarada do Bellator

  Wanderlei Silva avisou que não queria ver Chael Sonnen antes da luta pelo Bellator 180 porque não ia se segurar e poderia agredí-...

As Top