quinta-feira, 12 de maio de 2016

Werdum zomba de cutucadas de Cigano: "De repente gosta de mim"

Fabricio Werdum; UFC 198 (Foto: Jason Silva)Fabricio Werdum: "É normal que cada um tente se autopromover para lutar pelo título" (Foto: Jason Silva)
Fabricio Werdum está em alta. O campeão dos pesos-pesados não só faz a luta principal do evento mais ambicioso do UFC no Brasil, no próximo sábado, como vem sendo desafiado a torto e a direito por gigantes de olho no cinturão que ele ostenta. Alistair Overeem, Cain Velásquez, Mark Hunt, entre outros vêm fazendo barulho na mídia em busca de serem os próximos na fila após a luta do gaúcho contra Stipe Miocic. Um desses gigantes é Junior Cigano, de fôlego renovado após vencer Ben Rothwell em abril. O brasileiro já venceu Werdum em 2007, e, recentemente, declarou que o nocautearia novamente, com facilidade, numa eventual revanche pelo título.

Em entrevista ao Combate.com, Werdum, sempre irreverente, menosprezou as provocações de Cigano, claramente direcionadas a conseguir uma nova disputa de cinturão.

- Isso que eu não consigo entender, acho que é porque eu sou o campeão agora, na real. Eu nunca vi o (cara) que venceu uma luta, como ele me venceu em 2007, pedir a revanche. Normalmente é o cara que perde que pede a revanche, não o que venceu. Então tem alguma coisa errada. Por que ele quer uma revanche? De repente ele quer alguma coisa comigo, de repente gosta de mim, não sei (risos).
Fabricio Werdum; UFC 198 (Foto: Jason Silva)Fabricio Werdum nos treinos abertos do UFC 198 (Foto: Jason Silva)


Werdum já esteve na posição contrária, pedindo uma revanche com Cigano, campeão entre 2011 e 2012, para disputar o título. O gaúcho não teve o pedido contemplado, e só foi disputar o cinturão - interino, por causa de uma lesão do então campeão Velásquez - após quatro vitórias consecutivas no UFC. Por isso, ele entende a "gritaria" dos adversários por uma oportunidade, mas não crê que seja o momento de reencontrar o compatriota.

- É normal ele querer se promover, como falamos do Stipe Miocic. Ele foi lá e se promoveu, falou, "Me dá minha chance pelo título!" É normal, eu já falei antes que queria lutar pelo título, é normal que cada um tente se autopromover para lutar pelo título. Ele venceu uma luta aí, mas acho que não está merecendo ainda, no meu ponto de vista, porque ele ganhou de um cara (Ben Rothwell) que, digamos assim, não é um top, não tem um nome. Ele tem um soco forte, é grande e acabou. Todo mundo viu que o cara, tecnicamente, é horrível. Mas o Cigano foi muito inteligente, porque é uma luta perigosa ao mesmo tempo, o cara realmente tem o soco forte. Não sei se foi para lutar por um título, ele vinha de uma derrota. De repente na próxima, vai depender dele.

Confira a íntegra da entrevista com Fabricio Werdum:

Como está a ambientação e o clima para a luta?

A gente resolveu vir duas semanas antes do dia da luta, talvez até um pouquinho mais. Foi bem importante vir antes para se acostumar com o frio, o clima, estar no ambiente de luta já, fora da zona de conforto de casa. Aprendi isso nas últimas duas lutas no México. Quem me aconselhou foi o Juan (Manuel) Marquez, boxeador que nocauteou o (Manny) Pacquiao. Eu estava num evento da Polícia Federal (mexicana) a que fui convidado e ele estava ao lado. Ele perguntou quanto tempo antes da luta eu iria para lá, eu respondi uma semana, e ele disse, "Não, tem que vir no mínimo uns três meses antes. Eu disse que três meses era muito, queria ficar com a minha família. E ele: "Tu quer ficar com tua família, ou tu quer ser campeão?" Eu quero ser campeão. "Então vem antes." E eu fui dois meses antes, e deu certo. A primeira vez fui dois meses, depois fui 45 dias, e aqui vim por duas semanas porque a diferença não é tanta, mas é mais o clima mesmo, do frio. Eu me acostumei, a gente sentiu muito isso quando chegou, a diferença do clima, tudo completamente diferente, mas já estamos completamente adaptados.

Como surgiu a ideia de entrar com o "Tema da Vitória" do Senna?

Essa foi uma ideia que tive, sempre fui muito fã do Ayrton Senna, desde pequeno. A imagem que eu tenho mesmo é quando eu acordava no domingo e ouvia a música da vitória, quando ele vencia. Eu acordava com a música, na verdade; nem via a corrida, eu via quando ele vencia. Isso me marcou muito, e considero o Ayrton Senna meu grande ídolo. Quero fazer essa homenagem a ele, faz 22 anos que ele faleceu, foi nesse mês de maio. Com certeza a galera vai se emocionar. Imagina que legal 45 mil pessoas lá, e vou entrar com uma bandeira do Brasil e a imagem dele, escrito "Ayrton Senna Imortal".
Fabricio Werdum; UFC 198 (Foto: Jason Silva)Fabricio Werdum tira fotos com os fãs nos treinos abertos do UFC 198 (Foto: Jason Silva)
Já liberaram a música?

Claro, quem coordena o evento sou eu (risos). Acho que não vai ter problema. Falei com o Giovani Decker (presidente do UFC no Brasil). Não sei, vamos ver. Tomara que não, tomara que não cortem o embalo da homenagem. Acho que é importante, não tem por que não deixar, porque não é uma propaganda de alguém, não é uma marca, é o Ayrton Senna! Nosso grande ídolo.
O Fábio Maldonado também entrou com o "Tema da Vitória" na luta dele contra o Miocic, e foi nocauteado. Não teme que essa música possa trazer azar?

Eu não dou bola pra nada disso. Minha fé e a minha energia são muito maiores que isso aí. De repente o Maldonado que é pé frio (risos). Comigo não vai ter isso, vou entrar com toda a energia da galera.

Você quer ser o Senna do MMA?


Eu não espero ser o Senna do MMA. Já realizei um sonho meu, que sempre via o Ayrton Senna em carros de bombeiro, em carreatas, e eu consegui ser recebido em Porto Alegre após ser campeão e desfilei em um carro de bombeiros. Fui recebido pelo prefeito da cidade. Foi muito legal, um momento muito marcante para mim. Imagina ter um carro de bombeiros te esperando, com a torcida lá por você. 

Você tem sido bem ativo nas redes sociais, com os vídeos engraçados, como o do Whatsapp...

Aquele, pra mim, foi o melhor. Deu um milhão e meio (de visualizações) de um dia para o outro.

Você está chamando a responsabilidade de vender este evento?


Não, não foi em nenhum momento pensando nisso. Fiz porque sou assim, gosto de estar sempre brincando, fazendo algo diferente, com a ajuda dos meus amigos das antigas, tivemos a ideia de fazer as máscaras, que foi bem legal, e um amigo meu da Sportingbet entrou com tudo para poder (fazer), porque é caro isso, são 45 mil máscaras. É uma campanha separada do UFC, estou fazendo por minha conta. Vamos fazer na pesagem, vai ter máscara para a galera, e qual é a motivação para a galera postar foto com essa máscara? Vou sortear a luva que vou usar contra o Stipe Miocic para quem postar a foto mais inusitada com a máscara, ou um vídeo, ou algo assim. O que eu mais gostar, vou postar no meu Instagram e mandar a luva. Quero motivar a galera a fazer isso. Foi uma ideia muito boa, diferente, acho que não teve nenhuma coisa parecida na história do UFC. Quero fazer no treino aberto, na pesagem e no dia da luta. São 45 mil no total.
Fabricio Werdum; UFC 198 (Foto: Jason Silva)Werdum aplica chave de braço em seu irmão, Felipe, durante os treinos abertos do UFC 198 (Foto: Jason Silva)


Muito lutador, quando chega no topo, muda, fica menos acessível, e você continua o mesmo. É difícil se manter o mesmo quando se chega ao topo?

É que, às vezes, as pessoas confundem. Outro dia, eu estava almoçando, comendo um carneiro, três costelas, e eu dormi no carro a caminho de uma coletiva particular que fiz com meus patrocinadores. Aí cheguei meio mal humorado. É difícil se manter sempre bem humorado, às vezes você não está (num bom momento). E as pessoas sempre esperam que você esteja rindo, mas às vezes você está cansado, e as pessoas têm que entender isso. Às vezes você está comendo, botando o garfo na boca, e alguém quer tirar uma foto. Puxa, não está vendo que eu estou comendo? Tem que ter o "semancol" também, né... Tento ser o mais acessível possível, mas é difícil manter isso.

Se você tivesse que prever um resultado para sábado, como imagina vencer esta luta?


Já imaginei vencer esta luta. Imagino eu nocauteando o Stipe Miocic, ou depende da situação, né, a gente nunca pode saber completamente como vai ser, mas imagino que vou impor meu jogo, tentar nocauteá-lo com, de repente, um chute ou alguma coisa diferente, ou pegar ele no chão. Quero acabar com essa luta o quanto antes; fazer, claro, com muita paciência, tenho cinco rounds para acabar esta luta, e eu estou consciente disso. Sei que não é uma luta fácil, é um cara que conquistou essa oportunidade pelo título, que tem um bom boxe, um wrestling, mas não o vejo completo. No chão, por exemplo, não vejo o Miocic com as costas no chão, saindo bem. Faltam algumas coisas. Também acho que ele ganhou a oportunidade - óbvio, venceu duas lutas boas - mas foi no grito também, ele pediu . Na real, ele foi malandro, fez bem e eu também faria, pediu o título do jeito que ele pediu, depois que venceu o (Andrei) Arlovski. A categoria pesada é um pouco diferenciada porque tu faz uma ou duas lutas boas e ganha uma oportunidade de lutar pelo título. Eu demorei um pouquinho; quando voltei ao UFC precisei fazer cinco lutas e ganhar a luta pelo título. Mas agora, por exemplo, tem o (Alistair) Overeem, que venceu uma luta de forma espetacular e impressionou, realmente. Depende deles, de cada um. Às vezes os repórteres perguntam para mim, "Quem é o próximo", mas não depende de mim, depende deles, eles que têm que fazer uma luta espetacular para receber a chance.

O que você achou da luta do Overeem no domingo?


Achei muito boa. O Overeem tem uma experiência muito boa, de muitos anos, e ele é malandro nessa parte em pé. O Arlovski foi para cima dele, e ele ficou rodando, até houve uns comentários dizendo que ele estava fugindo, mas não estava fugindo nada, estava sendo esperto; não é porque você está andando para trás que está fugindo. Estava esperando o momento certo para dar aquele chute, e surpreendeu, foi um chute à la Lyoto Machida, foi muito bom mesmo. Para peso-pesado, é difícil, e pegou na hora certa.

O pessoal local gosta muito de luta em pé. Você teve isso como referência ao pensar em vencer a luta por nocaute?

Não, não pensei nisso em nenhum momento. Penso em fazer meu jogo, fazer o que treinei, fizemos estratégia, onde tem que chutar, o que fazer na hora certa. Em nenhum momento pensei em ter que agradar ao público. Claro, quero fazer uma luta excelente e nocautear, mas não pensei (nisso). Tem que tomar muito cuidado com o público, porque, às vezes, você vai pelo público na hora e, de repente, pode se emocionar, se empolgar e perder uma luta. É bem complicado isso do público, você precisa ser bem frio. Aconteceu comigo já, quando eu não tinha tanta experiência, de o público começar a vaiar e você querer fazer alguma coisa na hora errada. Não funciona, tem que ter cuidado. Vou fazer o meu jogo, é óbvio que quero vencer. Falam da pressão de lutar em casa, mas não tenho pressão, é zero. Quero só fazer meu jogo para manter este cinturão por muitos anos. Quero nocautear ou finalizar, mas, pode ser por pontos também. O importante, como minha mãe diz, é, no final, levantar o braço.
Alistair Overeem, UFC Roterdã, MMA (Foto: Getty Images)Werdum elogiou vitória de Overeem, mas preferiu não comentar se holandês merece a chance ao título (Foto: Getty Images)
Pelo que você viu do Overeem, ele hoje é merecedor de disputar o cinturão?

Prefiro não comentar isso. Acho que o UFC já decidiu isso. Quero me focar 100% no Stipe Miocic, depois vou me focar no próximo, porque aconteceu isso, de o Cigano, o Arlovski e o Josh Barnett falarem de mim, que eu não lutei contra o Cain Velásquez em fevereiro, falaram e falaram, os três falaram mal de mim, e os três perderam. Então por que vou fazer que nem eles, falar de algo que não aconteceu ainda? Vamos lutar primeiro esta, e depois vemos o resto.

O que você achou de o Cigano falando que te nocautearia de novo?


É normal ele querer se promover, como falamos do Stipe Miocic. Ele foi lá e se promoveu, falou, "Me dá minha chance pelo título!" É normal, eu já falei antes que queria lutar pelo título, é normal que cada um tente se autopromover, para lutar pelo título. Ele venceu uma luta aí, mas acho que não está merecendo ainda, no meu ponto de vista, porque ele ganhou de um cara (Ben Rothwell) que, digamos assim, não é um top, não tem um nome. Ele tem um soco forte, é grande e acabou. Todo mundo viu que o cara, tecnicamente, é horrível. Mas o Cigano foi muito inteligente, porque é uma luta perigosa ao mesmo tempo, o cara realmente tem o soco forte. Não sei se foi para lutar por um título, ele vinha de uma derrota. De repente na próxima, vai depender dele.

Apesar de ser algo natural se promover, não te incomoda que o Cigano sempre mencione seu nome nas entrevistas?


Isso que eu não consigo entender, acho que é porque eu sou o campeão agora, na real. Eu nunca vi na verdade o (cara) que venceu uma luta, como ele me venceu em 2007, pedir a revanche. Normalmente é o cara que perde que pede a revanche, não o que venceu. Então tem alguma coisa errada. Por que ele quer uma revanche? De repente ele quer alguma coisa comigo, de repente gosta de mim, não sei (risos).

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